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Go BackAumento da produção de biodiesel deve beneficiar produtores gaúchos
Soja, principal matéria-prima do biocombustível, e canola devem ser mais disputados no mercado
A maior demanda por biodiesel no país deve ter impacto direto nas lavouras. Responsável por 75% da matéria-prima usada na produção do biocombustível no país, a soja deve ser ainda mais disputada no mercado. Além disso, o aquecimento do setor deve fomentar a canola, cultura ainda coadjuvante na produção do combustível.
No embalo da expectativa de colher uma supersafra de soja no Rio Grande do Sul — 14,8 milhões de toneladas, conforme a Emater —, o setor de biodiesel pretende se consolidar com uma boa alternativa ao agricultor. Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-RS), Décio Lopes Teixeira, a vantagem do interesse da indústria de biodiesel é que o grão passará a ser mais concorrido:
— Ter mais mercado é sempre bom para o produtor, que deve procurar o melhor preço. E a indústria de biodiesel pode nos oferecer vantagens como assistência técnica e logística.
Na visão de Teixeira, é importante que Brasil incentive o setor de biodiesel para que o país passe a exportar o grão com maior valor agregado. Hoje, o país processa só 16% da produção de soja nacional em farelo e óleo, segundo estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
— Com o processamento da soja aqui, em farelo e óleo, os empregos e a riqueza ficarão no Estado. Outra vantagem é que terá mais oferta de farelo perto, o que favorecerá a criação de frangos, suínos e gado — observa Alencar Rugeri, assistente técnico da Emater.
Rugeri explica que a indústria de biodiesel tem papel importante para desenvolver novas culturas no Estado, como a canola. Produzido no Sul e em Minas Gerais, o grão representa menos de 1% da matéria-prima, mas tem como trunfo o fato de ser plantado na entressafra de soja.
A projeção da Associação Brasileira de Produtores de Canola (Abrascanola) é de que a área cultivada cresça 30% e chegue a 65 mil hectares no país — 48 mil deles no Rio Grande do Sul, uma projeção 20% maior do que o plantado em 2014.
— Com preço baseado na cotação da soja, a canola é ótima alternativa para a rotação de culturas no inverno. Estudos mostram que seu cultivo melhora a produtividade da soja e do trigo plantados depois nas mesmas áreas — destaca o presidente da Abrascanola, Luiz Gustavo Floss.
Um terço da soja para óleo
Do total que Leonardo Machado, 41 anos, colher nos 450 hectares de soja que plantou em Passo Fundo, 30% será destinado à indústria de biodiesel. A parceria foi firmada há sete anos:
— A indústria oferece assistência técnica à lavoura, paga bom preço pelo grão e tem a vantagem logística. Costumo entregar no mínimo 20% da safra anualmente ao biodiesel — explica Machado, que estima colher este ano média de 70 sacas por hectare, recorde de sua lavoura.
O restante da soja, conforme o produtor, será vendido a cooperativas e cerealistas. E a parceria de Machado com o biodiesel segue no inverno. Em 2014, ele destinou 135 hectares para a canola especialmente para a indústria. Neste ano, no entanto, planeja dividir a área entre trigo e aveia preta, em um sistema de rotação de culturas, para voltar à canola em 2016.
— Apesar de ter alto risco alto por resistir menos ao clima, a canola compensa por ter o preço da soja e mercado garantido.
Fonte: Fernanda da Costa - Zero Hora