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VoltarBrasileiros querem vender biodiesel para a Espanha
Associação de Produtores vê oportunidade de suprir produto boicotado da Argentina pela Espanha, em represália pela nacionalização da YPF
A Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (APROBIO) encaminhou ofício à embaixada espanhola em Brasília colocando à disposição do país as 28 usinas associadas para fornecimento de biodiesel, no lugar do que a Espanha deixou de importar esta semana da Argentina, em represália pela nacionalização da empresa YPF, da espanhola Repsol.
As empresas associadas da entidade responderam por mais de 50% da oferta do produto no último leilão realizado pela Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no final de fevereiro deste ano, quando foram comercializados 700 milhões de litros.
A produção brasileira de biodiesel, terceira maior do mundo depois de Argentina e Estados Unidos, superou os 2,5 bilhões de litros no ano passado, o que representou um faturamento de R$ 6 bilhões (US$ 3,1 bilhões).. Além disso, o parque fabril do setor, composto por 63 usinas, opera com 55% de ociosidade em sua capacidade instalada.
Em 2011 a Argentina exportou um total de 1,87 bilhão de litros de biodiesel. De acordo com o Instituto Espanhol de Comércio, o país desembolsou US$ 920 milhões na compra de biocombustíveis argentinos (700 milhões de Euros). A Espanha é tida como a porta de entrada para o biodiesel na Europa, que dali se destina a outros países da Comunidade Europeia.
A ANP tem autorização para 15 usinas brasileiras exportarem o biocombustível. A agência determina também um teto máximo de 4,6 bilhões de litros para venda ao exterior, o que supera bem o volume exportado pela Argentina no ano passado.
Na semana passada o embaixador espanhol no Brasil, Manuel de la Cámara, disse que a nacionalização da YPF pela Argentina abria possibilidades de o Brasil vender mais produtos para a Europa. "Acho que os europeus vão comprar mais biodiesel do Brasil. Essa é uma oportunidade para o Brasil vender produtos agrícolas, como soja, além de biocombustíveis e ferro", afirmou ele, segundo despacho da Agência Brasil.
Várias usinas brasileiras tem autorização especial da ANP para exportar biodiesel, que hoje é misturado à proporção de 5% por litro de diesel fóssil comercializado no país. Com R$ 4 bilhões investidos nos últimos sete anos, a produção de biodiesel no Brasil gera 1,3 milhão de empregos e envolve mais de 100 mil famílias de pequenos agricultores no fornecimento de matéria prima.
"Acredito que o Brasil tem todas as condições de atender os contratos da Espanha com a YPF", afirma o presidente da APROBIO, Erasmo Battistella. Ele diz que já pediu uma audiência ao embaixador da Espanha no Brasil para se informar sobre os detalhes destas operações.
A partir daí, a APROBIO pretende procurar os importadores espanhóis e buscar o suprimento das importações, ainda que em caráter emergencial ou provisório, até que Espanha e Argentina resolvam as questões legais e comerciais que a suspensão dos contratos possa gerar.
Segundo Battistella, o biodiesel argentino exportado para a Espanha é feito à base de soja, matéria prima de 80% do biocombustível produzido no Brasil. Além do grão, 16% da matéria prima vem do sebo bovino, da palma, de óleo de soja reutilizado, do girassol, da canola, e de outras oleaginosas.