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Canola: a salvação da lavoura de inverno


 



 



Com a frustração dos cereais de inverno em função do clima, a canola desponta como a salvação das lavouras nesta safra no sul do Brasil. Embora a área de canola tenha sido 17,6% menor em relação ao ano passado, a produção deverá ser até 23% maior, superando 80 mil toneladas. O preço equiparado à soja é motivo de satisfação para os produtores que insistiram na cultura.



 



A área de canola semeada em 2012 foi de 48.704 hectares (ha), uma redução de 17,6% em relação ao ano passado. No Rio Grande do Sul, a redução chegou a 14%, ocasionada pelo prolongamento da estiagem de verão que estendeu a falta de umidade até o período de semeadura da canola, em abril. Outro fator foi a baixa luminosidade na safra 2011, com precipitações acima da média durante o desenvolvimento da canola que favoreceram a incidência de bacteriose em muitas lavouras. Contudo, o impacto da redução da área foi compensado pelo aumento no rendimento médio da canola, passando de 1.200 kg/ha em 2011 para 1.800 kg/ha em 2012, chegando a 2.400 kg/ha em muitas lavouras.



De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Gilberto Tomm, as pesquisas e experiência acumuladas no Brasil contribuíram decisivamente para elevar o rendimento, dos 906 kg/ha (15 sacas) na década de 1980, para os atuais 1.800 kg/ha (30 sacas). "Existem grandes oportunidades para a expansão da canola tanto no Sul como no Centro-Oeste do Brasil, como alternativa de inverno/safrinha nas mesmas áreas em que produzimos soja e milho no verão. Isto pode ser feito empregando as mesmas terras, máquinas, armazéns, otimizando os meios disponíveis, aumentando a produção e a renda, sem necessidade de derrubar florestas ou ocupar áreas de pastagens", afirma o pesquisador. Outro incentivo para produzir canola é a possibilidade de cultivo com seguro agrícola permitindo que, mesmo nas piores situações (destruição por granizo ou geadas), o produtor se beneficie da cobertura de solo no inverno e do resíduo dos fertilizantes aplicados na canola, através da redução de custos, do aumento de rendimento e da sanidade dos cultivos subsequentes.



Na avaliação do Coordenador de Fomento da BSBIOS, Fábio Junior Benin, a canola passa de uma fase considerada como "cultura alternativa" para uma "cultura permanente" nos sistemas produtivos da Região Sul e Centro-Oeste do Brasil. "Nos últimos anos, importantes fatores que tem ligação direta com o cultivo de canola foram ajustados, como, por exemplo, a publicação do zoneamento agroclimático em 2008, a consolidação do mercado produtor de biodiesel, a profissionalização da produção com a capacitação de profissionais com conhecimento específico para a cultura da canola e um mercado consumidor de óleo vegetal em franca expansão", avalia Benin. Ele destaca, também, a disponibilização de novos híbridos de canola no mercado, avanços no processo de registro de defensivos químicos para a cultura e a criação de entidades representativas do setor produtivo (ABRASCANOLA): "Estamos numa fase de amadurecimento e profissionalização do setor produtivo da canola, destacando o Brasil como líder no setor produtivo de oleaginosas aptas a atender os mercados emergentes de óleos vegetais", conclui. Nos últimos três anos, os produtores que adotaram a cultura têm mantido a canola no sistema de produção, ao contrário do passado, quando a rotatividade nas áreas de cultivo era mais frequente, impedindo a organização da cadeia produtiva.



Para dar suporte à produção está em fase final de elaboração o projeto "Canola para o Brasil - Pesquisa, transferência de tecnologia e desenvolvimento organizacional para expansão da canola no Brasil", onde uma ampla equipe multidisciplinar, de diversas instituições, passará a desenvolver atividades voltadas a elevação do rendimento e da qualidade, incluindo a expansão do cultivo para as regiões tropicais do país.



 



Preço atrai



Visando incentivar o crescimento da área de canola no Brasil, as empresas de fomento têm pago pela canola o preço vinculado à soja, colocando a oleaginosa no ápice da cotação de grãos neste ano. Porém, os preços no momento da colheita e comercialização da canola têm sido elevados e bem maiores do que os preços no mercado futuro, quando o óleo e o farelo de canola serão vendidos a partir do processamento dos grãos, situação preocupante para as empresas de fomento. Em resumo, os atuais preços da canola estão excelentes para os produtores, gerando lucros elevados mesmo para quem obteve produtividade menor do que a média nos últimos anos, em torno de 1.500 a 1.600 kg/ha, considerando que os custos de produção têm ficado em torno de 900 kg/ha (15 sacas).



Na propriedade em Vila Maria, RS, o produtor Tales Rosso reduziu a área de canola pela metade neste ano, mas o rendimento aumentou em 30%. A comercialização foi de R$ 68,00 o saco de 60kg, destinado à indústria de biodiesel. A expectativa do produtor é com a relação à chegada de uma nova cultivar de canola no mercado que permite o melhor controle do nabo, invasora que ainda depende de capina mecânica para ser eliminada da lavoura. "Estou satisfeito com a cultura da canola. Se o cenário continuar favorável, com boas perspectivas de clima e preço, devemos aumentar a área em 2013", afirma Rosso.



Além do preço, a liquidez da canola é outro atrativo. Toda a canola produzida no Brasil e grande parte da produção dos 70 mil hectares cultivados no Paraguai e industrializada no Brasil, é destinada à alimentação humana. Assim, os brasileiros estão consumindo óleo mais saudável e tem destinando o óleo de soja à produção de biodiesel. As vantagens da canola para a indústria de biodiesel está no teor de óleo, enquanto que no grãos de canola o índice chega a 40%, nos grãos de soja o teor de óleo é de 18%. De acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Canola (ABRASCANOLA) existe enorme demanda por óleo de canola no mercado nacional e internacional. Para atender apenas uma solicitação recebida recentemente da Europa, seria necessária uma área 200 vezes maior que a área cultivada atualmente no Brasil. "As empresas, as cooperativas e o governo estão trabalhando para a expansão da produção de canola para que a quantidade de óleo disponível no Brasil viabilize seu emprego na produção de biodiesel. Isto permitiria a exportação para países, como os da Europa, onde o biodiesel, produzido com óleo de soja e sebo não atende as especificações", afirma o Diretor Presidente da BSBIOS, Erasmo Carlos Battistella.



 



 



 

































































































Estado

Área semeada (ha) em cada safra


2008




2009




2010




2011




2012




RS




24448




24452




25960




33500




28685




PR




3658




8364




12840




21500




17420




MS




715




1556




2130




3000




1208




MG




500




450




600




600




600




GO




150




200




 




 




16




SC




 




 




386




500




120




SP




 




 




 




 




630




MT




 




 




60




 




25




Total




29471




35022




41976




59100




48704




 





Fonte:Embrapa Trigo - Joseani M. Antunes