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De fornecedor a produtor de combustível

Se você fosse dono de dois postos de combustíveis na pequena cidade de Colorado (RS), um município de apenas 3,5 mil habitantes, e não tivesse ligação com grandes conglomerados empresariais, resolveria investir na produção de biodiesel na época em que praticamente não existiam indústrias do tipo no Brasil? A maioria responderia que não. Erasmo Carlos Battistella, 34 anos, diretor da BSBIOS, foi contra a corrente, abraçou a aposta e se tornou o cabeça de uma companhia que faturou R$ 1 bilhão em 2011. Não à toa, ele foi o ganhador do Prêmio Jovens Lideranças na categoria Agronegócios, na qual também concorreram Sergino de Mendonça, diretor do grupo Vale do Verdão, e Fernando Galletti de Queiroz, presidente do Frigorífico Minerva.
Battistella vem de uma família de pequenos agricultores da região Sul do Brasil. Arrendou seu primeiro posto de combustíveis aos 20 anos, em 1998, e permaneceu ganhando a vida dessa maneira até 2005. Entre 2005 e 2011, no entanto, ele protagonizou uma ascensão digna das grandes histórias de empreendedorismo: se interessou pelo biodiesel, tornou-se um especialista na área e firmou até mesmo uma sociedade com a poderosa Petrobras para a produção do combustível. Tudo isso em menos de sete anos. "É uma trajetória meteórica, sim, mas que vem acompanhada de muito trabalho, muita dedicação. Mais do que isso, vem acompanhada
de apostas no futuro e no Brasil", afirma. "Porque, quando foi lançado o programa do biodiesel, muitas empresas não acreditavam nele, mas apostei no projeto, busquei grandes empresários como parceiros e conseguimos iniciar os trabalhos", justifica Battistella, que é também presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) e da Associação Brasileira dos Produtores de Canola (ABrasCanola).



Bom momento do setor.



E no que depender das perspectivas do setor, Battistella continuará trabalhando muito nos próximos anos. Para o jurado patrono da categoria Agronegócios, o ex-ministro Pedro Parente, atual presidente
da Bunge Brasil, não só a cada vez maior necessidade de produção de energia como também a constante alta na demanda de alimentos se apresentam como fatores promissores para um crescimento ainda maior do setor no Brasil.
Parente rechaçou as críticas de que o País tem de abrir mão do agronegócio em prol de maior industrialização da economia. "As pessoas às vezes reclamam que o Brasil está exportando mais produtos agrícolas e menos produtos industriais.
O problema não é exportar produto agrícola, o problema é não exportar produtos industriais", afirmou ele. "A verdade é que o mundo vai precisar cada vez mais de alimentos e energia e o Brasil tem condições (para exercer um papel de destaque)." A BSBIOS, por sinal, trabalha firme na busca do protagonismo no agronegócio mundial. Hoje, a usina já tem capacidade para produzir mais de 160 milhões de litros de biodiesel por ano. Além disso, a companhia acumulou diversos prêmios regionais de empreendedorismo e ambientais. Outro grande salto foi a sociedade firmada com a Petrobras no ano passado. Calcula-se que a petrolífera brasileira tenha pago R$ 200 milhões por 50% da BSBIOS. Mais do que isso, fez da empresa a maior produtora do combustível do País. E de Battistella o nome forte do biodiesel.



Luis Yuaso



ESPECIAL PARA O ESTADO