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Esse foi o tema da coluna do Diretor Superintendente da BSBIOS Erasmo Carlos Battistella publicada no site Biodieselbr. Confira:
Diversificação de culturas
Por Erasmo Carlos Battistella
Diretor Superintendente da BSBIOS
Vice-presidente de Relações Associativas e Institucionais da UBRABIO
Com o início do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) começou também no Brasil uma série de ações para o desenvolvimento de novas culturas em cada região do país, pois com os diversos microclimas existentes é possível uma grande diversificação de espécies. Nós visualizamos sendo fomentado pelas indústrias de biodiesel várias alternativas, como é o caso da Palma no norte do país, da Mamona no nordeste, do Cambre e do Girassol no centro-oeste e, principalmente, na região sul da Canola. Todas essas culturas estão sendo viabilizadas e fomentadas em função do PNPB.
Com o avanço nos percentuais de mistura, nós como indústria precisamos de maior quantidade de óleo vegetal, mesmo que tenhamos uma oferta muito generosa de matéria-prima oriunda da soja. A grande maioria das indústrias está trabalhando na diversificação com o objetivo de não sermos dependentes de uma só oleaginosa, e isso trará, em longo prazo, robustez e mais sustentabilidade ao programa de biodiesel.
No caso da canola, especificamente, o trabalho que vem sendo desenvolvido na região sul é uma ação muito bem embasada. A Canola não concorre com a principal cultura que é a Soja, por ser uma oleaginosa de inverno, ainda na região sul, principalmente, no Rio Grande do Sul há uma ociosidade muito grande de áreas durante o período que podem ser aproveitadas para o plantio e também pelo grande percentual de óleo em torno de 36%. Dessa forma a cultura vem ganhando espaço ano após ano com o trabalho sério que vem sendo desenvolvido.
Agora você pode estar se perguntando: porque o plantio da Canola não havia decolado antes? A resposta deve ser analisada levando em conta uma série de fatores que impediam o crescimento dessa cultura, principalmente no que tange a tecnologia de produção, financiamento, zoneamento agrícola e garantia de compra. Com a entrada do PNPB e com a instalação de indústrias, como é o caso da BSBIOS que está fazendo um programa focado na canola, a questão da comercialização é uma etapa superada porque a empresa garante a compra de toda a produção e dessa forma começou-se a viabilizar o financiamento, pois os agentes de crédito vendo que havia uma indústria comprando começaram a emprestar mais recursos aos produtores. Isso também foi possível graças a publicação ao zoneamento agrícola, ferramenta imprescindível para o desenvolvimento de qualquer cultura no Brasil.
Com isso, o produtor se demonstrou interessado e começaram a ser trazidas novas tecnologias, tanto de plantio quanto de colheita, que ainda não eram utilizados no país e estão sendo implantadas pelos nossos produtores através de empresas que desenvolveram os equipamentos apropriados, como é o caso da semeadura com a utilização de um disco com ajuste especial e também na maior novidade que é utilização do corte e enleiramento e, posterior o recolhimento. A consequência é o aumento de produtividade e redução de riscos para os produtores, então são diversas etapas do processo produtivo que envolve toda a cadeia que precisam ser trabalhados quando estamos tratando de diversificação de cultura.
No último dia 27 de setembro, ocorreu no Rio Grande do Sul a Abertura Nacional da Safra de Canola, no município de Colorado envolvendo produtores, cooperativas, técnicos agrícolas, agrônomos, pesquisadores, agentes financeiros, indústrias de máquinas e de produção de biodiesel. A atividade marcou o início da colheita da Canola que deve se estender até a primeira quinzena de novembro. Neste ano fomentado somente pela BSBIOS foram aproximadamente 15.000 ha, em 60 municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o que demonstra um crescimento considerável da cultura.
O que eu gostaria de chamar a atenção é que eu utilizei o caso da canola como exemplo, mas serve para todas as demais culturas que estão sendo trabalhadas no Brasil como diversificação ao PNPB. Com o biodiesel nós geramos emprego em toda a cadeia produtiva porque quando se implanta uma nova cultura você precisa do desenvolvimento de indústria de máquinas, em logística, sementes, defensivos, investimento em fertilizantes, indústria de processos e beneficiamento e, principalmente, na comercialização dos produtos e subprodutos produzidos.
Então, o PNPB além de estar produzindo energia limpa gera emprego e agrega valor a cadeia de produção, e isso é muito importante para um combustível renovável que tende a ter um percentual cada vez maior de adição. O que se visualiza é que o programa está conseguindo gerar emprego e renda trazendo divisas para interior do Brasil em toda a cadeia produtiva.